17.10.10

Deitei-me sobre as lêtras



O vento trazia leves ondas horizontais ,baixinhas como lenções.
Belas na sua efemera existencia..
Molhei meus pés..
Com a mão em concha levei um pouco de água salgada.
Banhei meu rosto
Era o mar salgado que se derramava sobre meus lábios
Dei por mim com a cara molhada
Deitei-me entre o fim e o nascer da areia e o nascer da água
Molhei minhas pernas
Virei-me delicadamente para tráz e escrevi na areia
Escrevi pequenas palavras indecifraveis
Pensei tratar-se de um poêma
De um poêma escrito com tinta branca de água
Deitei-me sobre as lêtras
Deixei tombar meus cabelos compridos sobre as areias
Não me deixei perturbar pelo vento,pelo frio e restos de sol
Esquecendo-me do tempo, da lua que nascia
Nem tão pouco do sol que se preparava para partir
Pés molhados e frios,vestido encharcado de água salgada
Cheiro penetrante e salgado das ondas atrevidas
Olhando para o olhar mais proximo que minha mente trazia na memória
Mas o vento teimava novamente e trazia consigo a melodia da sua voz
Hoje tenho consciencia,enquanto olho meu redor
Pois há dias em que não olho,mas sinto
A sombra que se afasta um pouco de mim
Mas persegue-me a cada passo que dou
Poésia
 Anita de Castro